domingo, 14 de agosto de 2011

A DESCOBERTA

Não escolhi a arte, apesar de ser filha de poeta, o poeta Francisco Piedade, não posso negar o meu legado cultural, de ter sido criada num ambiente com leitura, rodas de poesias, lançamentos de livro e, claro, o incentivo à leitura. Mas o que me deixou por um bom tempo, ou melhor, tomou conta da minha emoção e alma, foi a questão social e desde cedo estive preocupada com um projeto societário mais digno, menos excludente. Entrei no movimento estudantil, fui militante e escolhi a profissão de Assistente Social para mediar entre o estado e a sociedade através da socialização de informações sobre os direitos sociais.E a arte foi chegando devagar e rápido, devagar por que esperou o momento certo e rápido porque, quando a arte me escolheu, eu saí do armário, esse armário que estava fechado e cheio de cartas, segredos, vivências, dores, alegria, amor, anseios, frustrações,vitórias, derrotas, sonhos alcançados, perdidos e inacabados, prazer... e tirei uma das cartas   e, pasmem, não estava apagada, apesar do tempo, e para o meu espanto as pessoas disseram: VOCÊ É UMA ARTISTA! E aqui estou, pois sem o público e a sua participação não teria percebido a arte em mim, por mim e para ti. 

OBJETIVO DO BLOG

A proposta desse blog é que  você envie sua história de vida, através do e-mail
asalaespelhos@gmail.com.  Não é necessário se identificar. Utilize personagens e pseudônimos. Convido você a tornar-se um membro, para receber todas as postagens do blog pelo seu e-mail cadastrado e, a partir de sua história, escreverei uma crônica refletindo você no espelho do universo, em uma leitura existencialista, dialética, metafórica e poética. Afinal, a vida é essa mistura e nós somos o reflexo de como nos enxergamos nesse espelho. Eu, você, nós participaremos dessa grande sala e iremos sonhar, viajar, desejar, ficarmos na multidão, sozinhos, amando, amantes, namorados, pai, mãe, filho, adolescente, idoso... VOCÊ que de alguma forma queira se ver nesse espelho e descobrir por meio da pergunta: “Espelho, espelho meu...?”
Comente, envie sua história, sinta-se em frente ao seu espelho! 

OS ESPELHOS ENQUANTO METÁFORA


O mito do Narciso

Narciso era um belo rapaz, filho do deus so rio Céfiso e da ninfa Liríope. Por acasião de seu nascimento, seus pais consultaram o oráculo Tirésias para saber qual seria o destino do menino. A resposta foi que ele teria uma longa vida, se nunca visse a própria face. Muitas moças e ninfas apaixonaram-se por Narciso, quando ele chegou à idade adulta. Porém, o belo jovem não se interessava por nenhuma delas. A ninfa Eco, uma das mais apaixonadas, não se conformou com a indiferença de Narciso e afastou-se amargurada para um lugar deserto, onde definhou até que somente restaram dela os gemidos. As moças desprezadas pediram aos deuses para vingá-las.

Nêmesis apiedou-se delas e induziu Narciso, depois de uma caçada num dia muito quente, a debruçar-se numa fonte para beber água. Descuidando-se de tudo o mais, ele permaneceu imóvel na contemplação ininterrupta de sua face refletida e assim morreu. No próprio Hades ele tentava ver nas águas do Estige as feições pelas quais se apaixonara.

 

A representação do espelho segundo KANT

Somos uma representação construída para nós mesmos. Nós refletimos como faz um ESPELHO, mas ao mesmo tempo, somos as costas desse ESPELHO. somos um olho, por meio do qual o mundo exterior se faz visível,mas um olho que não pode ver-se a si mesmo enquanto vê. 


Teorias Psicanalíticas- do espelho

A relação entre "imagem" e o desenvolvimento do Eu, como subjetividade, sempre esteve presente nas teorizações psicanalísticas. Lacan, segundo Freud, propôs com noção de estágio do espelho um momento constitutivo, no qual se produz a partir da identificação à imagem do outro - matriz identificante - uma imagem unificada de si, corresponde aos primeiros esboços do Eu. Ao reconhecer sua "imagem", a criança inicia uma relação especular com ela, correlata à sua relação com a mãe, cujo olhar é tal qual o próprio espelho em que se vê. Tal condição nos permite ainda pensar a questão narcísica sob o vértice do "outro" que, implicando em seu próprio narcisismo, também se vê refletindo na sua própria imagem que projeta. Temos, portanto, neste momento, dois espelhos!

 

O mito Narciso na canção de Caetano Veloso - Sampa "é que Narciso acha feio o que não é espelho"

 

O Tarot e o espelho - Segundo os Tarólogos- "As cartas são como segurar um espelho à frente e ter um ser superior falando através delas."